23.4.24

Jorge e Francisco


Cada santo ou santa tem sempre alguma história de dignidade, um grande feito para o bem das pessoas. Francisco de Assis, por exemplo, tem várias, mas uma delas, o caso do Lobo de Gubbio, lhe dá o caráter de herói e defensor de um povo, como foi São Jorge na luta contra o dragão. 

Meu pai, devoto de São Jorge, me ajudou a admirar sua história de lutas. Mas, também compreendi com ele que o santo guerreiro nada teria feito se não fosse pela graça de Deus. Quando se exalta sua coragem, armado de lança e no alto do poder de um bom cavalo, sabemos que ele nada teria feito se não tivesse a maior “arma” que é a fé. Meu pai orava muito para ter as “armas” de São Jorge na sua luta diária. Mas, não era a lança ou a espada nem mesmo o grandioso cavalo branco, mas a fé em Cristo Jesus, que fez ele ir pra luta em defesa das pessoas, vítimas de um dragão. Explicando sua devoção, meu pai fazia sua exegese sobre a vida (lenda ou história) de São Jorge, demonstrando que, com a força de fé, ele também lutava contra os dragões do seu tempo.  

Outro santo que admiro e tenho como referência para minha vida, é Francisco de Assis. Assim como Jorge enfrentou um dragão, Francisco enfrentou um lobo feroz. São Jorge deu um destino fatal ao dragão e Francisco, já em outro momento da história, com novas compreensões do Evangelho, conseguiu proteger o povo da cidade de Gubbio, sem ter que matar o animal. 

São dois santos que agiram em defesa da vida, movidos pela força da fé, pelo impulso do Evangelho de Cristo, em diferentes tempos com diversa metodologia. Talvez, Francisco no lugar de Jorge teria matado o Dragão e Jorge no lugar de Francisco também teria apaziguado o Lobo. Talvez, Francisco no tempo de Jorge, teria matado o Lobo e Jorge no tempo de Francisco, teria feito as pazes entre o Dragão e o povo ameaçado. Mas, que tal ver o significado de “Lobo” e “Dragão” para a vida humana? O Lobo devorava os alimentos do povo e o Dragão consumia as pessoas. Que São Jorge nos inspire a lutar com muita fé em defesa da vida e contra os dragões devoradores. E que São Francisco nos ensine a construir a paz, nos dê sabedoria para promover diálogos num tempo de diversos interesses e ambições. Que Jorge e Francisco nos ensinem a colocar nossa fé em ação pela justiça e pela paz. E que a ecologia de Francisco nos faça compreender a natureza de lobos e dragões e saber viver deixando viver. 

Reverendo Pilato Pereira – www.pilatopereira.eco.br



21.4.24

Quanto vale o teu sonho?

Certamente você tem um sonho. Além daquelas aspirações que representam sonho de consumo, você deve ter planos, projetos, ideias para colocar prática ao longo de tua vida. Mas, quanto vale o teu sonho? Na Bíblia tem uma parábola em que Jesus afirma que “o Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo” (Mateus 13.44). O teu sonho é como esse tesouro da parábola bíblica? Tão valioso que vale a pena vender tudo? Mas, tão valioso que convém agir em silêncio para que ninguém atrapalhe a conquista desse tesouro sonhado? Tens um sonho em que vale a pena lutar o bastante, fazer o que for necessário para realizar? Certamente, sim, você tem um grande sonho de vida. Mas, pense no quanto vale o teu sonho.
Teu sonho é para preencher tua vida. Sim, em prol do teu sonho vale a pena gastar a vida, mas não vale destruí-la. Pense no quanto teu sonho vai tornar tua vida mais plena. A vida não é uma ferramenta de edificar sonhos. Ao contrário, cada sonho, na tua liberdade de sonhar, deve ser instrumento para elevar tua vida, para dar pleno sentido ao teu viver.
Com relação ao teu sonho, qual é teu medo? Tens medo de sonhar? Carrega antigo algum temor ou preocupação sobre as consequências do teu sonho? Tens medo de que poderá se frustrar, seja por não concretizar teu sonho ou por tê-lo alcançado e não se sentir uma pessoa realizada? Pense nisso também. Mas, se você é capaz de sonhar, também está apto a vencer o medo. E para vencer o medo, compreender a amplitude do teu sonho e buscar sua realização como quem encontra um tesouro, é preciso cultivar a esperança, é necessário acreditar e é imprescindível lutar sempre.
www.pilatopereira.eco.br


22.3.24

A Água é um Dom de Deus e um Direito Humano Fundamental

Neste Dia Mundial da Água, também comemoro um ano de lançamento do livro “Ecologia Integral” e quero reafirmar o que desejo viver e me comprometer constantemente: a água é um dom de Deus e um direito humano fundamental.

Por ser um dom de Deus, a água não pode faltar para nenhum ser humano, nenhuma planta e nenhum animal. 

E, da mesma forma, por ser um direito humano fundamental, a água potável não pode ser negada para nenhuma pessoa na face da Terra. Também deve ser garantida aos animais e plantas, pois, tudo está interligado numa cidadania planetária que garante a continuidade da vida no Planeta. 

Quem faz a gestão da água nas sociedades, precisa considerar que ela deve chegar ao alcance de todas as formas de vida que dela dependem para viver. Quem consome a água conscientemente também precisa ter esta mesma compreensão. O consumo de uns não pode afetar a garantida de água para outros. A água é uma riqueza que não se guarda nos cofres dos bancos. A própria natureza faz reservas de água nos lugares ponde transitamos. Por isso, devemos ter muito cuidado para não sujar, não poluir e não privar a água nossa de cada dia. 

Certamente, isso não condiz com a realidade do mundo. Mas, são questões óbvias e fundamentais que precisam ser lembradas todos os dias e, em especial, nesta data que celebramos o Dia Mundial da Água. 

(www.pilatopereira.eco.br)

3.9.23

Brasil, um país fascinante e contraditório


Fascinante e contraditório, é assim que vejo e sinto nosso país, batizado com o nome de Brasil, mas também desejado que fosse Terra de Santa Cruz. Esse grande território constituído de seis biomas, essa enorme nação formada por uma infinidade de etnias e populações, é visto, sem dúvida alguma, como uma sociedade cordial, amorosa e fraterna. Mas é também lugar de muita violência, fome e dor. Aqui nesta terra aconteceram e acontecem muitas formas de opressão e exploração humana e ambiental. A vida parece difícil para muita gente, que no dia a dia sofrem os problemas sociais, como a falta de emprego, moradia, terra, saúde, educação, segurança e etc. Mas, por outro lado, mesmo as pessoas que mais sofrem, dizem que aqui é um lugar bom de viver.

O nome do nosso país, em vez de Brasil, poderia ser, por exemplo, Terra de Santa Cruz. Este seria um nome com identidade religiosa, mas, mais que isso, talvez indicasse um projeto de nação. Terra de Santa Cruz nos dá a ideia de um país cristão, com a possibilidade de se implantar aqui o projeto de vida das primeiras comunidades cristãs, o autêntico cristianismo que a Europa não soube viver. O projeto que os Guarani viveram no Sul, nas Missões Jesuíticas, de uma sociedade socialista e cristã, poderia ser implantado em outras regiões. Mas, nosso país ficou com o nome vindo da madeira que indicava o “progresso” e a exploração. O invasor levava a riqueza e se aproveitava da mão de obra escrava. Neste cenário começa o processo de construção da nação brasileira. Uma nação que foi sendo construída com a marca da exploração, enquanto que a Terra de Santa Cruz ficou no sonho e no passado.

O nome Brasil, tendo como referência a exploração do “Pau Brasil”, indica a nossa história passada, que nos é um tanto amarga. Mas também podemos ver nesse nome um outro significado, mais atual, que expressa o Brasil do presente. A madeira que lhe deu o nome já não é abundante como outrora, mas, mais do que nunca, hoje esse nome tem sentido. Brasil é brasa quente, em ebulição, uma sociedade em movimento, acesa e em fase de construção. Somos uma nação que não está pronta, não está parada, estática e, contudo, tem um futuro brilhante. A brasa até parece mansa, um fogo que se finda, mas pode incendiar. Somos um país de muita energia e vitalidade, como uma brasa. Nos dias de hoje, não pela madeira de nome Brasil, mas pela “brasa”, faz sentido chamar nosso país de Brasil.

O Brasil reúne em seu solo uma diversidade étnica e cultural bastante grande, rica de valores e, por natureza, possui uma maravilhosa biodiversidade. Mas é esse país que conhecemos com uma história sofrida e de tantos problemas e uma realidade também bastante complicada. É, pois, um país fascinante e ao mesmo tempo contraditório, sua fotografia atrai e espanta, causa encantamento e indignação. Temos um território tão vasto e com tanta capacidade produtiva, mas com uma enorme e crescente população afastada da terra e jogada na miséria. Nosso povo sofre, mas sabe encontrar razões para ser feliz. Alguns brasileiros são bons no futebol e sabem driblar o adversário dentro de campo, mas a maioria deste povo é capaz de driblar a crise a fazer o gol da alegria, mantendo acesa a brasa da esperança. Brasil!

Reverendo Pilato Pereira
pilatopereira@gmail.com
@pilatopereira

14.3.23

Lançamento do livro "Ecologia Integral: Justiça e paz com a criação!"

Dia 22 de março, às 19 horas, na Paróquia da Ascensão, o lançamento do livro de autoria do Revdo. Pilato Pereira, "Ecologia Integral: Justiça e paz com a criação!"
Todos e todas são convidados!
Um lançamento da Editora Inclusividade








11.10.22

Pai Nosso das Águas

Fazer uma paráfrase do Pai Nosso não é querer substituir a oração de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas é reconhecer nela um sentido pleno no contexto da vida. São Francisco de Assis, por exemplo, também parafraseou o Pai Nosso. E existem diversas paráfrases do Pai Nosso e orações nela inspiradas.

Quero aqui compartilhar uma modesta oração que elaborei para o Dia Mundial da Água - 22 de março.

 

Pai Nosso das Águas

Pai Nosso, que estás nas águas dos céus, dos mares, das montanhas e dos vales.

Santificado seja o teu Nome, Deus Pai e Mae, criadora das águas e de toda a vida.

Venha o teu Reino que protege nossas águas e todas as criaturas.

Seja feita a tua vontade, assim nas águas da terra como no céu.

A água nossa de cada dia nos dá hoje e não deixe faltar amanhã.

Perdoa-nos as nossas ofensas contra a irmã água, que é negada para muitos dos teus filhos e filhas, é tratada como mercadoria, é poluída e usada de forma desrespeitosa. Perdoa-nos assim como testemunhamos contra o pecado que degrada a irmã água e a mãe Terra.

E não nos deixes cair na tentação do lucro e do poder da apropriação indevida da água.

Mas, livra-nos do mal de transformar a tua casa num mercado, onde a água tem valor de mercadoria e é negada aos pobres. Livra-nos do mal do comodismo e do medo e nos leve a agir com o amor e a indignação de teu Filho, “expulsando do templo os que compram e vendem” água. E que nos dediquemos sempre mais ao "zelo pela tua casa”, a nossa casa comum, com as suas águas e todas as formas de vida.

Pois teu é o Reino, o poder e a glória nas águas, na terra, no céu e em todos os lugares, para sempre.

Amém!

24.6.22

132 anos da IEAB: "Prefiro ser essa Metamorfose Ambulante”,

 


Refletindo sobre os 132 anos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a IEAB, quis pensar com uma música na cabeça. Busquei uma antiga canção para homenagear a Igreja que me acolheu fraternalmente. “Metamorfose Ambulante”, lançada por Raul Seixas em 1973, um ano antes do meu nascimento, me ajuda a olhar para a caminhada da IEAB. 
Talvez, a música não combine com a Igreja que está dentro das mentes e corações de muitos irmãos e irmãs, mas coincide com a Igreja que encontrei como uma dádiva da história. Sabemos que nem tudo o que é histórico vive ou tenha vivacidade, assim como o “que era sólido se desmancha no ar”. A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil tem uma história, edificou-se na sociedade brasileira, mas também vem se moldando para ter lugar no mundo onde quer testemunhar o Evangelho na realidade da vida. 
É muito comum ouvir alguém dizer que nasceu na Igreja. É uma justa e sincera forma de se identificar com a Igreja, que tem raízes no mundo e que tem pessoas enraizadas nela. 
A IEAB é uma igreja que transcende gerações e que se adapta para encontrar e acolher pessoas de outras procedências. Já é grande o número de fiéis que dizem que vieram para a IEAB. Eu também vim para esta Igreja que consegue construir comunidade de vida e de fé entre pessoas “nascidas” nela e outras por ela adotadas.
Minha sempre professora de História da Igreja, Vera Lúcia Simões de Oliveira (in memoriam), disse ter simpatizado com uma resposta que coloquei num trabalho acadêmico onde falei da experiência de me tornar episcopal anglicano. Escrevi e hoje releio e reafirmo que procurei a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil por aquilo que percebia de semelhante com minha experiência e caminhada de fé, mas permaneci nela por tudo que ela tem de diferente. As diferenças que encontrei, não apenas serviram de consolo e aconchego para minha visão de mundo e de igreja, mas me permitiram continuar sendo quem sou e seguir auscultando e correspondendo ao chamado para a missão de Deus no mundo. 
IEAB é uma igreja que se adapta aos tempos, que são líquidos, mas mantém dentro de si um sopro sólido e estável que a sustenta na experiência de ser “metamorfose ambulante”. Parafraseando o verso citado de Raul Seixas, afirmo que prefiro participar de uma igreja “metamorfose ambulante”. Uma igreja que está em mudanças e em movimento. Como o Evangelho de Cristo é dinâmico, não podemos “ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, mas precisamos viver mudanças que se concretizam na caminhada, no próprio movimento da vida. 
Parabéns para a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil por sua presença transformadora.
Por Reverendo Pilato Pereira, no site da IEAB 

27.3.20

Coronavírus (COVID-19)

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19).

Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1...


Leia mais: 

17.11.17

Irmão Antônio Cechin: a estrela de Belém, o lunar de Sepé!

O texto que segue está no livro Irmão Antônio Cecchin: "Seguindo o caminho" (Atos 9,2) em busca da Terra Sem Males / Organizado por Matilde Cecchin - Porto Alegre: CMC, 2017.

Um livro com a participação de dezenas pessoas, pois Antônio Cecchin é irmão de muitos irmãos e muitas irmãs. Neste livro, a Luciméia e eu escrevemos um pequeno texto para compartilhar do amor que o Irmão Antônio semeou em muitos corações. E aqui publico o artigo quando celebramos um ano da morte do Irmão Antônio Cecchin, no dia de ontem, 16 de novembro.

Irmão Antônio Cechin: a estrela de Belém, o lunar de Sepé!

“Alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e perguntaram: ‘Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem’. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe” (Mateus 2. 2, 9-11).


O Evangelho segundo São Mateus, no capítulo 2, versículos 1 a 12, relata sobre a estrela de Belém, que foi vista pelos magos no Oriente e que os conduziu ao lugar onde estava o recém-nascido, o Menino Deus, em Belém, na Judeia. E aqui no Sul temos “O Lunar de Sepé”, contada na forma de verso em Contos Gauchescos, por Simões Lopes Neto. No caso da estrela de Belém, ela conduziu os magos no caminho que os levou ao Menino Jesus, considerando os devidos cuidados diante das más intenções do rei Herodes. E o lunar de Sepé foi um sinal no semblante do índio Guarani, Sepé Tiarajú, que conduzia seu povo na luta contra as “armas de Castela / que vinham do mar de além” e em defesa e preservação da terra missioneira. O lunar de Sepé para os Guarani representava um sinal da presença de Deus. Mas, para seus inimigos, como foi com Herodes, no tempo do nascimento de Jesus, aqui também era o sinal a perseguir para combater o projeto de Deus. Após a morte de Sepé, o lunar continua resplandecendo, só que agora no céu, como um sinal de luz a guiar o povo Guarani e a quem acredita e luta pela terra sem males.

Então, Sepé foi erguido
Pela mão de Deus-Senhor,
Que lhe marcara na testa
O sinal do seu penhor!
O corpo, ficou na terra...
A alma, subiu em flor!...
E, subindo para as nuvens,
Mandou aos povos benção!
Que mandava o Deus-Senhor
Por meio do seu clarão...
E o lunar na sua testa
Tomou no céu posição...

Nos tempos atuais, onde se manifesta a estrela de Belém e onde brilha o lunar de Sepé? Acreditamos que são a mesma fonte de luz que não podemos tocar com as mãos nem fixar sobre ela nosso olhar. Uma fonte de luz que está em muitos lugares e brilha no exemplo de vida de muitas pessoas. A estrela de Belém e o lunar de Sepé são vidas humanas que nos mostram o projeto de Deus. Pessoas que são como “o sal da terra” e “a luz do mundo” (cf. Mateus 5. 13-14).
É, pois, assim que hoje podemos definir a vida de Irmão Antônio Cechin.
No lugar que Cristo lhe preparou, agora brilha como uma estrela que conduz o mundo pelos caminhos da justiça e da paz, do amor e do bem viver, na luta pela terra sem males. Sua vida é mais que uma trajetória de começo, meio e fim. É uma vida que permanece viva e impulsiona nosso viver. A história que iniciou no nascimento de uma criança, em 17 de junho de 1927, não termina com a morte de um homem aos 89 anos, no dia 16 de novembro de 2016. Irmão Antônio Cechin é uma vida que revigora nossos sonhos, fortalece nossas esperanças e resgata nossa humanidade. Portanto, continua vivo, presente.
Sua vida é uma caminhada de fé, amor e respeito aos índios, catadores, camponeses, sem-terra, desempregados, moradores das ruas e todos os pobres e a natureza irmã. Antônio Cechin sempre será sempre lembrado e revivido, como um discípulo de Cristo que viveu o Evangelho como palavra de Deus na língua humana de todas as culturas, como presença e história de Deus na história dos povos.
CECHIN é Lírio da Paz!! Paz com voz!!! Paz sem Medo!! Paz da essência, da luta com beleza e com perfume! CECHIN é ROCK WATER o floral que é feito da água da pedra, da firmeza, da pureza da raiz!! É força que eleva-nos!
E, como disse Bertolt Brecht sobre as pessoas que lutam: “Há aqueles que lutam um dia e são bons, há outros que lutam muitos dias e são muito bons, há os que lutam anos e são melhores. Mas, há os que lutam a vida inteira e estes... são os imprescindíveis”. Cechin é este SER que é imprescindível, não somente pela sua luta, mas porque sua vida impulsiona outras pessoas a seguirem lutando, esperançando. CECHIN VIVE!! Vive em nós...
E pela analogia, que aqui procuramos fazer, da vida de Antônio Cechin com a estrela de Belém e o lunar de Sepé, queremos dizer que este ser humano imprescindível, nosso irmão de fé, nosso companheiro de lutas, é, sem dúvida, um facho de luz, com as 7 cores do Arco-íris, como um sinal entre céus e terra, que continua a conduzir nossos passos; um farol que segue a nos mostrar o caminho...

Luciméia Gall König - Educadora Especial
Reverendo Pilato Pereira- IEAB





6.6.17

Dia Mundial do Meio Ambiente – 45 Anos

Em 1972 a ONU organizou um encontro mundial em Estocolmo, na Suécia, que pela primeira vez tratou oficialmente sobre o meio ambiente. Nesta ocasião foi instituída a data de Cinco de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia. E também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 

Na conferência de Estocolmo se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico, que hoje podemos tratar como “equilíbrio eco-biológico”. Mas, desde 1972 até o presente momento foram dados poucos passos de progresso neste propósito. Dez anos depois, em 1982, foi publicado, como sequencia desse processo, a Carta Mundial para a Natureza. No ano de 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o desenvolvimento propôs a ideia do desenvolvimento sustentável. A comissão também sugeriu a Carta da Terra como um instrumento regulador das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento. O trabalho de redação deste documento foi sendo muito bem discutido em âmbito mundial até ser apresentado na Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio 92). Não havendo consenso, em seu lugar foi adotada a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Em 1995, no encontro de Haia, na Holanda, foi criada a Comissão da Carta da Terra para realizar uma ampla consulta mundial sobre o assunto. Em 1997 esta comissão foi ampliada, tendo em seu corpo a participação de 23 personalidades mundiais. E o teólogo brasileiro Leonardo Boff é um dos integrantes dessa equipe, que teve inicialmente a presença de Paulo Freire (falecido em 1997). Após um primeiro esboço do documento em 1997, no Fórum Rio+5, e um segundo esboço em 1999, o texto foi oficialmente reconhecido em março de 2000 e endossado pela ONU em 2002.

Em 2012, 40 anos após o encontro de Estocolmo, ocorreu a Rio+20, que não demonstrou bons resultados dos diálogos e compromissos com a sustentabilidade. Sabe-se que a Rio+20 deveria tratar sobre o clima, mas o problema foi o “clima de negócios” que pairou nas mentes das autoridades. Infelizmente, em 2012 as autoridades mundiais não conseguiam pensar noutra coisa senão na crise do capitalismo.

Em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, onde todos os países da ONU definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos Objetivos do desenvolvimento do Milênio (ODM) e não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho começando de imediato, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Lembrando que os ODM priorizam as questões da fome e a miséria, a educação básica, a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres, a redução da mortalidade infantil, a saúde das gestantes, o combate a Aids, a malária e outras doenças, a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento

O ano de 2015 foi um ano importante, pois, também aconteceu entre os dias 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, França, a 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a 11ª Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (MOP-11). Na ocasião foi adotado por consenso um novo acordo global que busca combater os efeitos das mudanças climáticas, bem como reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A ONU anunciou que o Acordo de Paris como um acordo ambicioso, dinâmico e universal, que engloba todos os países e todas as emissões e planejado para durar. Foi considerado um acordo monumental, com a capacidade de solidificar a cooperação internacional para as mudanças climáticas. Porém, em pouco mais de um ano, o grande poluente do Planeta, os Estados Unidos, já está fora do compromisso. Isso reflete a incapacidade daquela nação ou do seu governo de modernizar seu modelo de industrialização.

Esta caminhada de 45 anos deve ser resgatada para avaliarmos nossas responsabilidades e compromissos com a vida na Terra. Em 4 décadas muito poderia ter sido feito e, se as autoridades deixaram a desejar, vale toda a luta empreendida e os muitos esforços dos movimentos sociais e ambientais que fizeram história ecológica.

Hoje, ecologia é uma questão popularmente aceita, mas também é manipulada por aqueles que supervalorizam o capital em detrimento da vida. Por isso, ser militante ecológico hoje é mais difícil que nas décadas passadas. Hoje precisamos distinguir entre ecologistas e ecologistas, verdes e verdes, verdades e verdades. Em 45 anos a ecologia ganhou enorme notoriedade. Mas, como o mercado e os capitalistas tiveram interesse pelo tema (não pela causa), a ecologia ingressou num mundo de meandros, num verdadeiro mistifório de pensamentos e ações.

O Dia Mundial do Meio Ambiente em 2017 ganha o tema “Conectando as pessoas à natureza” e o slogan “Estou Com a Natureza”. E o objetivo é impulsionar os esforços para a conservação do meio ambiente, transformando ações individuais em uma força coletiva que tenha um verdadeiro e duradouro legado de impacto positivo para o planeta. Precisamos somar esforços, dar as mãos com quem quer, de fato, viver conectado à natureza, para que todos e todas e tudo tenham vida.

Pilato Pereira

25.5.17

"Fábula da solidariedade ecológica"

"Fábula utilizada por Betinho como metáfora de solidariedade"
Diz a lenda que havia uma imensa floresta onde viviam milhares de animais, aves e insetos. Certo dia uma enorme coluna de fumaça foi avistada ao longe e, em pouco tempo, embaladas pelo vento, as chamas já eram visíveis por uma das copas das árvores. Os animais assustados, diante da terrível ameaça de morrerem queimados, fugiam o mais rápido que podiam, exceto um pequeno beija-flor. Este passava zunindo como uma flecha indo veloz em direção ao foco do incêndio e dava um vôo quase rasante por uma das labaredas, em seguida voltava ligeiro em direção a um pequeno lago que ficava no centro da floresta. Incansável em sua tarefa e bastante ligeiro, ele chamou a atenção de um elefante, que com suas orelhas imensas ouviu suas idas e vindas pelo caminho, e curioso para saber porquê o pequenino não procurava também afastar-se do perigo como todos os outros animais, pediu-lhe gentilmente que o escutasse, ao que ele prontamente atendeu, pairando no ar a pequena distância do gigantesco curioso.

– Meu amiguinho, notei que tem voado várias vezes ao local do incêndio, não percebe o perigo que está correndo? Se retardar a sua fuga talvez não haja mais tempo de salvar a si próprio! O que você está fazendo de tão importante?

– Tem razão senhor elefante, há mesmo um grande perigo em meio aquelas chamas, mas acredito que se eu conseguir levar um pouco de água em cada vôo que fizer do lago até lá, estarei fazendo a minha parte para evitar que nossa mãe floresta seja destruída.

Em menos de um segundo o enorme animal marchou rapidamente atrás do beija-flor e, com sua vigorosa capacidade, acrescentou centenas de litros d’água às pequenas gotinhas que ele lançava sobre as chamas.

Notando o esforço dos dois, em meio ao vapor que subia vitorioso dentre alguns troncos carbonizados, outros animais lançaram-se ao lago formando um imenso exército de combate ao fogo.

Quando a noite chegou, os animais da floresta exaustos pela dura batalha e um pouco chamuscados pelas brasas e chamas que lhes fustigaram, sentaram-se sobre a relva que duramente protegeram e contemplaram um luar como nunca antes haviam notado.

27.2.17

Hoje celebro 12 anos de Ordenação

Enquanto me preparo para mais uma Romaria da Terra, recordo com gratidão, amor e fé, o compromisso que assumi há 12 anos, quando, nesta data, 27 de fevereiro de 2005, fui ordenado Presbítero (Padre), na Comunidade Divino Mestre – Paróquia São Pio X, no bairro Mathias Velho em Canoas.
Fui ordenado na Igreja Católica Romana e hoje exerço o ministério na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB). Não foi um rompimento, mas a continuidade da minha resposta ao chamado de Deus. 
Recordo minha história como um ato espiritual de reafirmar meus votos e compromisso de vida com o Reino de Deus.
Digitalizei esta lembrança de ordenação e compartilho aqui como um retrato do que guardo na memória, do que vivo hoje e do que acredito ser minha missão no mundo. 
Meu lema de ordenação, baseado no Evangelho segundo São Mateus 5: 1-12, é “Felizes os que promovem a justiça e a paz”. E é com esta inspiração que busco viver todos os dias minha vocação. 
Vejo a felicidade, como um dom de Deus, que se concretiza na liberdade de trabalhar em cooperação para tornar o mundo um lugar pleno de vida.
(Reverendo Pilato Pereira)