6.6.17

Dia Mundial do Meio Ambiente – 45 Anos

Em 1972 a ONU organizou um encontro mundial em Estocolmo, na Suécia, que pela primeira vez tratou oficialmente sobre o meio ambiente. Nesta ocasião foi instituída a data de Cinco de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia. E também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 

Na conferência de Estocolmo se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico, que hoje podemos tratar como “equilíbrio eco-biológico”. Mas, desde 1972 até o presente momento foram dados poucos passos de progresso neste propósito. Dez anos depois, em 1982, foi publicado, como sequencia desse processo, a Carta Mundial para a Natureza. No ano de 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o desenvolvimento propôs a ideia do desenvolvimento sustentável. A comissão também sugeriu a Carta da Terra como um instrumento regulador das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento. O trabalho de redação deste documento foi sendo muito bem discutido em âmbito mundial até ser apresentado na Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio 92). Não havendo consenso, em seu lugar foi adotada a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento. Em 1995, no encontro de Haia, na Holanda, foi criada a Comissão da Carta da Terra para realizar uma ampla consulta mundial sobre o assunto. Em 1997 esta comissão foi ampliada, tendo em seu corpo a participação de 23 personalidades mundiais. E o teólogo brasileiro Leonardo Boff é um dos integrantes dessa equipe, que teve inicialmente a presença de Paulo Freire (falecido em 1997). Após um primeiro esboço do documento em 1997, no Fórum Rio+5, e um segundo esboço em 1999, o texto foi oficialmente reconhecido em março de 2000 e endossado pela ONU em 2002.

Em 2012, 40 anos após o encontro de Estocolmo, ocorreu a Rio+20, que não demonstrou bons resultados dos diálogos e compromissos com a sustentabilidade. Sabe-se que a Rio+20 deveria tratar sobre o clima, mas o problema foi o “clima de negócios” que pairou nas mentes das autoridades. Infelizmente, em 2012 as autoridades mundiais não conseguiam pensar noutra coisa senão na crise do capitalismo.

Em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável, onde todos os países da ONU definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos Objetivos do desenvolvimento do Milênio (ODM) e não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho começando de imediato, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Lembrando que os ODM priorizam as questões da fome e a miséria, a educação básica, a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres, a redução da mortalidade infantil, a saúde das gestantes, o combate a Aids, a malária e outras doenças, a qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento

O ano de 2015 foi um ano importante, pois, também aconteceu entre os dias 30 de novembro a 11 de dezembro, em Paris, França, a 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e a 11ª Reunião das Partes no Protocolo de Quioto (MOP-11). Na ocasião foi adotado por consenso um novo acordo global que busca combater os efeitos das mudanças climáticas, bem como reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A ONU anunciou que o Acordo de Paris como um acordo ambicioso, dinâmico e universal, que engloba todos os países e todas as emissões e planejado para durar. Foi considerado um acordo monumental, com a capacidade de solidificar a cooperação internacional para as mudanças climáticas. Porém, em pouco mais de um ano, o grande poluente do Planeta, os Estados Unidos, já está fora do compromisso. Isso reflete a incapacidade daquela nação ou do seu governo de modernizar seu modelo de industrialização.

Esta caminhada de 45 anos deve ser resgatada para avaliarmos nossas responsabilidades e compromissos com a vida na Terra. Em 4 décadas muito poderia ter sido feito e, se as autoridades deixaram a desejar, vale toda a luta empreendida e os muitos esforços dos movimentos sociais e ambientais que fizeram história ecológica.

Hoje, ecologia é uma questão popularmente aceita, mas também é manipulada por aqueles que supervalorizam o capital em detrimento da vida. Por isso, ser militante ecológico hoje é mais difícil que nas décadas passadas. Hoje precisamos distinguir entre ecologistas e ecologistas, verdes e verdes, verdades e verdades. Em 45 anos a ecologia ganhou enorme notoriedade. Mas, como o mercado e os capitalistas tiveram interesse pelo tema (não pela causa), a ecologia ingressou num mundo de meandros, num verdadeiro mistifório de pensamentos e ações.

O Dia Mundial do Meio Ambiente em 2017 ganha o tema “Conectando as pessoas à natureza” e o slogan “Estou Com a Natureza”. E o objetivo é impulsionar os esforços para a conservação do meio ambiente, transformando ações individuais em uma força coletiva que tenha um verdadeiro e duradouro legado de impacto positivo para o planeta. Precisamos somar esforços, dar as mãos com quem quer, de fato, viver conectado à natureza, para que todos e todas e tudo tenham vida.

Pilato Pereira

Nenhum comentário:

Postar um comentário